Friday, November 28, 2008

Vírgula...



VÍRGULA


O Uso da Vírgula.

A pontuação já foi definida de várias maneiras. Já se fizeram analogias com a costura (a pontuação seria a linha que dá consistência e forma ao tecido da linguagem) e com os sinais de tráfego (a pontuação indica-nos quando reduzir a velocidade, chama-nos a atenção para isto ou aquilo, propõe um desvio e nos manda parar).

Na verdade, é um sinal de cortesia, que serve para que os leitores entendam um texto, sem tropeçarem nele.

Tecnicamente, pontuação é a arte de dividir, por meio de sinais gráficos, as partes do discurso que não têm ligação íntima entre si, e de mostrar, de modo mais claro, as relações que existem entre essas partes.

As partes que têm ligação íntima, por isso, não podem ser divididas: entre sujeito e verbo e entre verbo e complemento, não pode haver vírgula ("O Colendo Superior Tribunal de Justiça decidiu em favor do apelante." "O réu confirmou todo o seu depoimento."). Esta é a primeira regra de uma série elaborada pelo Professor Napoleão Mendes de Almeida. As outras, podem ser encontradas no "Dicionário de Questões Vernáculas". As que seguem, são apenas as principais:


1) Vírgula e pausa.


Pode-se dizer que a vírgula indica uma pequena pausa na leitura. O contrário, contudo, não é verdadeiro: nem toda pausa na leitura implica a utilização da vírgula. Por isso, é correto afirmar que (a) onde não há pausa, não há vírgula; (b) onde há vírgula, há pausa, e (c) onde há pausa, pode haver vírgula, desde que se obedeçam às demais regras atinentes à utilização da vírgula.


2) Vírgula como parênteses.


Há casos em que as vírgulas funcionam como parênteses, que devem ser abertos e, depois, fechados. Nesses casos, ou ambas as vírgulas se colocam, ou as duas se tiram.

Pedro, de acordo com as ordens recebidas, partiu cedo.

É impossível retirar qualquer das vírgulas, sem quebrar a concatenação da oração.

É o caso das orações interferentes, das orações subordinadas adjetivas explicativas, do aposto e do vocativo.

Damão, condenado à morte, foi primeiro à sua casa.

Vem, tu que duvidas da honra, observar o proceder deste pobre.

Francisco, com o dinheiro ganho no negócio, comprou uma chácara.

Diógenes, filósofo cínico, morava dentro de uma cuba.

Em todos esses exemplos, os parênteses poderiam substituir as vírgulas. E, eliminada a locução que ficou entre elas, aparecerão ligados os termos da oração.


3) Vírgula e a palavra "só".


Em "eu só fiz o que você pediu", só significa somente, apenas. É advérbio, deve vir junto ao verbo, não pode dele estar separado por vírgula. Já em "eu, só, fiz o que você pediu", só passa a significar sozinho, é adjetivo.

É preciso tomar cuidado com a palavra "só". Perceba-se: "viaja só com permissão do pai". O que quer dizer? A permissão foi dada ou não?


4) Vírgula e locuções explanatórias.

Locuções explanatórias como isto é, verbi gratia, por exemplo, a meu ver, além disso, separam-se por virgulas:

"Porei aqui mais um exemplo, isto é, acrescentarei mais um caso prático".


5) Vírgula e orações subordinadas adjectivas.


Usa-se a vírgula antes do "que" que abre oração explicativa; não se usa a vírgula ante do "que" que abre oração restritiva. Exemplos:

O presidente que é eleito para um período curto de governo tem de mostrar muita eficiência para ser reeleito. (Oração restritiva).

O presidente, que é eleito para um período curto de governo, tem de mostrar muita eficiência para ser reeleito. (Oração explicativa).


6) Vírgula e zeugma.


Quando não há perigo de confusão, usa-se a vírgula para indicar o zeugma do verbo:

"Tu foste o meu soldado, e eu, teu capitão"

Quando já houver outras vírgulas em partes de um período que encerre um zeugma, deve-se utilizar o ponto-e-vírgula, para maior clareza:

"Seu rosto era sem rugas­; a cútis, alva e delicada; as faces, rosadas; os olhos, castanhos-escuros, vivos, expressivos de placidez e bondade; a fronte alta e vasta; a fisionomia, aberta, desanuviada, serena, reveladora de respeitosa afabilidade."


7) Vírgula e orações interferentes.


Com os verbos dizer, responder, afirmar, exclamar e semelhantes, formam-se as sentenças denominadas interferentes (porque em regra estão entre os membros de outra oração), que devem vir entre vírgulas:

"Os pactos, diz-se desde Roma, devem ser respeitados".


8) Vírgula e parêntese.


Introduzindo-se num período um parêntese em lugar onde já havia vírgula, esta se coloca depois de fechado o parêntese:

"Estava Mário em sua casa (nenhum prazer sentia fora dela), quando ouviu baterem".


9) Vírgula e clareza.


Correspondente à pausa feita na fala, a vírgula denota não referir-se uma palavra a outra imediatamente vizinha:

"Se as provas apontam que houve crime, do réu não terá sido a culpa".

Ou:

"Se parece extensa a explicação, nossa não será a culpa".

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0) Vírgula e vocativo.


Quando inicia a frase, o vocativo exige vírgula depois: "Alunos, lembrem-se da lição". Quando o vocativo está no meio, deve vir entre vírgulas: "Lembrem-se, alunos, da lição". Quando o vocativo está no final, deve ser antecedido pela vírgula: "Lembrem-se da lição, alunos."

End.

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