Conheça este projecto da GRAAL
O mistério dos favores em cadeia
Quem é que não se queixa de falta de tempo para resolver todos os problemas do dia-a-dia?
Quem é que não gostaria de poder ajudar mais os outros e de poder participar activamente na vida da sua comunidade?
Toda a gente, claro. Mas voltamos sempre à mesma questão: não há tempo. Ou melhor, não havia. Porque agora há uma forma de rentabilizar a sua boa vontade e o seu espírito solidário.
Basta abrir uma conta no Banco de Tempo. Uma conta pessoal com ganhos essencialmente colectivos.
O Banco de Tempo é um banco em tudo igual aos outros. Tem agências, horário, cheques, depósitos e a particularidade de utilizar o tempo como moeda de troca.
O Banco de Tempo funciona da seguinte forma: qualquer investidor que esteja disposto a dar uma hora do seu tempo para prestar um conjunto de serviços, recebe em retribuição uma hora para utilizar em benefício próprio.
Troca por Troca. Hora por Hora.
Agências em funcionamento:
Abrantes: Praça Raimundo Soares, Edifício Falcão, 18, 2200-366 Abrantes, Tel. 241 379 030
Alverca: Salão Nobre da Misericórdia, Rua Dr. Miguel Bombarda, 2615-125 Alverca, Tel. 934 160 724
Coimbra: Paróquia da Sé Nova, Largo da Sé Nova, 3000-213 Coimbra, Tel. 239 942 485, Bdtcoimbra@clix.pt
Foz - Porto: Junta de Freguesia da Foz, Rua Corte Real, 25, 4150-235 Porto, Tel. 226 180 513, btempofozdouro@sapo.pt
Lumiar - Lisboa: Espaço Cultura da Junta de Freguesia do Lumiar, Alameda das Linhas de Torres, 277, 1750 Lisboa, Tel. 217 581 203,bancodetempolumiar@hotmail.com
Ponta Delgada: Câmara Municipal de Ponta Delgada, Praça do Município, 9504-523 Ponta Delgada, Tel. 296 304 424,claudiolopes@mpdelgada.pt
Portela: Ex Escola Vasco da Gama, 2685 Portela Loures, Tel. 219 446 417 / 193
Póvoa de Varzim: Rua Camilo, nº 42, 4990-485 Póvoa do Varzim, Tel. 967 278 061
Sintra: Rua Dr. Osório Vaz, Casa do Jardim, Casais de Mem-Martins, Tel. 219 260 144 / 938 115 938, bancodetemposintra@gmail.com
Torres Novas: R. das Chãs, nº 48, 2350-537 Torres Novas, Tel. 249 839 130, bdt.torresnovas@gmail.com
Valongo: Fórum Cultural de Ermesinde, Rua da Fábrica, 4445 Ermesinde, Tel. 229 731 585
Agências encerradas: Amadora, Ílhavo, Matosinhos, S. João da Madeira e Telheiras – Lisboa
e
Macedo de Cavaleiros (Câmara Municipal/ADIMAC),
Montijo (Junta de Freguesia),
e Pombal (Câmara Municipal/Centro Cultural).
Alguns exemplos de serviços a partilhar no Banco de Tempo
Acompanhamento de crianças: tomar conta de crianças, levar/buscar à escola, ajudar a fazer os trabalhos de casa, brincar;
Actividades recreativas: andar de bicicleta. caminhar a pé, jogar cartas, ténis, xadrez, animar grupos, tocar música. fazer de guia turístico, animar festas;
Ajuda doméstica: lavar o carro, a loiça, compras de supermercado, ir ao correio, à farmácia, pagar as contas, limpar o pó, passar a ferro;
Animais e plantas: jardinagem, acolher/tratar de animais/plantas nas férias, ajudar a dar banho a animais (gato, cão, etc.);
Bricolage: pequenas reparações, arranjos de carpintaria, de electricidade;
Companhia: acompanhamento ao médico, conversar sobre determinado tema, passear pela cidade, contar histórias, ler alto, ir a espectáculos, ao cinema, a exposições;
Cozinha: fazer um prato especial, cozinhar refeições para congelar;
Lavores: arranjos de costura, bordados, ponto cruz, croché/tricô;
Lições: ensinar a estudar, a descontrair, dar explicações, lições de jardinagem, informática, línguas, música, olaria, pintura, cozinha, decoração, dança;
Secretariado e burocracia: correcções literárias, processamento de texto, preenchimento de documentos, impostos. certificados;
Colaboração com o Banco de Tempo: apoio em actividades burocráticas da agência, ajuda na organização de momentos de convívio.
Quem pode aderir?
Podem ser membros todos os que se interessem e empenhem nas actividades do Banco de Tempo. Os menores deverão ter autorização do respectivo Encarregado de Educação.
Como se tornar membro?
Basta ir a uma entrevista na agência, tomar conhecimento do modo de funcionamento do Banco, preencher uma ficha de membro (indicando dados de contacto, pessoas de referência e serviços a oferecer e a pedir) e declarar cumprir as Regras de Funcionamento. Receberá um cartão de membro, cheques e uma listagem de serviços disponíveis na agência.
O que é que se paga?
Todos os membros têm de pagar anualmente uma quota de 4 horas, que vai para a \"conta\" da Agência.
Como trocar?
Quando alguém precisa de um serviço, contacta a agência. A agência vai procurar um membro que o possa realizar e em seguida procura a melhor forma de pôr ambos em contacto. Na altura da troca, ambos deverão apresentar os respectivos cartões de membro.
E quando não se está disponível?
Quando contactados pela agência para saber se podem prestar um serviço, os membros podem dizer que não estão disponíveis. Não são obrigados a aceitar o serviço. Mas, quem aceitou realizar um serviço compromete-se na prestação do mesmo, pelo que, caso não o possa fazer, deve informar o membro que está a contar consigo e/ou a agência.
Como é feito o pagamento do serviço?
No fim da troca o pagamento do serviço é feito através de cheque, em função do número de horas. Quem recebeu o cheque deverá enviá-lo à agência para que sejam feitos os movimentos às contas. Note-se que a hora é divisível em meia hora, fazendo-se um arredondamento por excesso (mais que 15 minutos), ou por defeito (menos que 15 minutos).
Quando é que se tem de dar/pedir?
O primeiro passo é pedir, porque só assim pode haver uma troca. O limite máximo de diferença entre horas recebidas e oferecidas é de 20 horas.
O que acontece em caso de faltas ou acidentes?
O Banco de Tempo não se responsabiliza pelo incumprimento dos membros ou por acidentes que envolvam bens ou pessoas ocorridos durante a troca de serviços entre membros. A troca implícita no Banco de Tempo assenta na lógica da boa vontade e dos serviços de vizinhança, pelo que quem oferece ou solicita determinado serviço deve ter presente o risco que lhe está inerente, o qual, no limite, é semelhante ao de um favor de um familiar ou amigo.
Incumprimento dos membros é qualquer falta de respeito pelas Regras de Funcionamento. As situações de incumprimento são analisadas pelo coordenador da agência em conjunto com o membro em causa, no sentido de encontrarem soluções para o problema. A falta de eficácia das soluções encontradas pode levar à suspensão temporária de utilização dos serviços, ou mesmo à expulsão do Banco de Tempo.
Sede: Rua Luciano Cordeiro, 24, 6º A, 1150-215 Lisboa
Tel. (351) 213 546 831
Na Estónia, chama-se Banco da Felicidade e em vez de dinheiro os clientes trocam boas acções. Assim ninguém paga pelas suas necessidades
\"Actualmente as pessoas relacionam-se através do dinheiro. Mas nem sempre foi assim, dantes trabalhávamos em equipa.\" A frase é de Tinna Urm, fundadora de um projecto peculiar. O Banco da Felicidade (BA), que vai surgir na Estónia em finais de Maio, é quase um regresso à economia da troca directa, que fez história antes do aparecimento da moeda. Não exige qualquer tipo de dinheiro aos seus clientes, apenas boa vontade.
Era um simples corte de cabelo, num apartamento modesto de Tallin, na Estónia ? mas ficou na história por ter sido a primeira transacção do BA. Peeter, um homem de meia-idade empregado numa empresa de tecnologia, quis mudar de visual. E conseguiu-o de graça: Nele, uma jovem artesã, não exigiu dinheiro nem géneros; limitou-se a fazer uma boa acção. Quem sabe mais tarde não venha a precisar de alguém que lhe vá fazer as compras.
Bons samaritanos Para se tornarem clientes, os candidatos devem registar-se online e elaborar uma lista do que sabem fazer. Podem ser tarefas simples ? passear um cão ou despejar o lixo ?, ou mais específicas, como consertar uma avaria mecânica. Depois é só preencher a lista das necessidades e aguardar que o banco faça o contacto. \"Queremos criar uma rede em que as pessoas não tenham de pagar por aquilo de que necessitam. É uma forma de as unir\", explica a fundadora, que vê no BA uma forma de criar uma nova moeda. O facto de ter surgido na Estónia, que tem uma taxa de desemprego de 7%, não é alheio à classificação do país na lista dos mais felizes da Europa: ficou em último lugar num ranking que utiliza dados da criminalidade ou a esperança média de vida como indicadores.
A troca de favores recíproca não é requisito obrigatório: um jovem pode fazer as compras de um vizinho idoso mesmo que ele não possa retribuir. Provavelmente, algum estranho o fará por ele. Além disso, quem faz a boa acção recebe uma nota a atestar as suas qualidades samaritanas. Só não fica mais rico
por André Rito, Publicado em 09 de Maio de 2009
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