Mais do que factos, as palavras têm o dom de impressionar, ou não...
Ofendem ou assustam, mas também nos dão alento e nos conferem dignidade – de certa forma isso pode ser muito divertido.
Sempre fui apaixonada pelas palavras, desde muito cedo, quando aprendi a lidar com elas e comecei a descobrir que o conhecimento, a cultura, a comunicação estavam directamente ligados a elas, sendo quase sempre a nossa ferramenta no trabalho e nos relacionamentos, promovendo o afastamento ou a união com a família, amores, amigos, nesse complexo mundo nosso.
Promovem mal-entendidos e a dor, marcando a fogo os nossos mais puros sentimentos, quando nós deveriamos falar ou preferir o silêncio.
O drama da convivência e a dificuldade no amor, instaura-se a partir desse momento.
É sempre bom e digno optar pelas palavras, desde que sinceras, claras, limpas, mas nem sempre é possível.
Nem sempre conseguimos deitar cá para fora esse monstro que se instalou lá no fundo da nossa alma.
Somos fracos e cobardes, por isso cheios de traumas, medos, ressentimentos e desconsertos, nesse nosso mundo interior, quase sempre onde se esconde o silêncio ressentido das nossas escolhas.
Somos apenas humanos.
O caminho do desencontro é ladrilhado de silêncios, quando se devia falar, e de palavras, quando o melhor teria sido calar.
Faltou ali algo mais profundo que poderia ser a confiança, o afecto, a harmonia, e nessa hora o mundo entrou em desconserto, e nós ficamos completamente desconcertados.
Entre falar a palavra errada na hora imprópria e calar, é preferível o silêncio.
Há ocasiões em que a palavra se esconde quando tudo precisaria ser falado naquele exacto momento, porque depois já não teria mais sentido falar.
E o afastamento daquela relação se dá sem a necessária amizade e respeito tão fundamentais em qualquer relacionamento.
Mas há também o silêncio bom, onde se compartilha ternura e entendimento, quando a ausência de palavras não traz nenhum desconforto, porque ali existe o afecto de almas, onde não é preciso palavras para duas pessoas transmitirem as suas mensagens.
Só um olhar é suficiente para o entendimento total, não existe desencontro e sim muita cumplicidade, muita parceria.
São almas gémeas, não precisam desses subterfúgios.
Com a palavra nós comunicamos, apaziguamos, ferimos e maltratamos ou seduzimos e demonstramos afectos, ou ainda, semeamos felicidade.
Ela faz parte dessa nossa vulnerável essência humana.
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